segunda-feira, 14 de abril de 2025

A COISA TA FEIA


 

A COISA É FEIA
Cidades com administradores políticos com noção de progresso, com visão de desenvolvimento turístico econômico, com noção de paisagismo urbano,… NÂO deixariam ESSE BURACO histórico e cheio de lendas, dessa forma, conforme vemos nas imagens abaixo.
Ao contrário, é o que se vê. Ubatuba sofre nas mãos de politiqueiros, HÁ MAIS DE 40 ANOS; sai um, entra outro e a mesmice continua.

Nesse caso, da imagem que vemos, vou aqui dar uma pequena dica do que poderia ser feito nesse local de Lendas e histórias: Limpa e higieniza todo o local, projeta-se um paisagismo, tanto interno como externo, de acordo com o local, ilumina-se o interior do local com foco na pequena escultura de um menino curumim soprando sua flauta, no lado externo um painel onde se lê a história e a lenda do local; divulgação com imagens e informações diversas sobre o local em todos os hotéis, hostel, pousadas, restaurantes, quiosques, da cidade.
Todos os pontos turísticos e culturais deveriam ser tratados dessa maneira, enfim, a esperança de uma Ubatuba em suas secretarias administrativas com profissionais técnicos e habilitados em suas áreas, e não politiqueiros acompanhantes de campanha, precisa acontecer.
Segue a Lenda da Gruta do Curuçá







“Mesmo que proibido, devido às crenças e superstições em torno daquele Ybyty1 Curuçá2 e, que ali vive o Boitatá3, Jagoanharo4 o menino tocador de flauta e outros curumins5, depois de atravessarem o perigoso Yperoig6, chegaram à pequena e encantadora prainha lá existente. Entre brincadeiras de praia e de mar, Jagoanharo observou um contínuo movimento de árvores e arbustos em certa parte da mata que antecipava a encosta do morro e que dali saia também um suave som grave. Curioso, convidou seus amigos para ver o que seria aquilo, mas com medo ninguém o acompanhou.
Até pelo nome, Jagoanharo era destemido e adentrou a mata para desvendar o mistério daqueles movimentos e daquele som. Descobriu então uma gruta e que, de seu interior vinha um vento, razão a qual movimentava a vegetação. Apenas com sua inseparável flauta, dirigiu-se ao interior da caverna guiado pelo clarão que possibilitava seu andar; andou mais de trezentos passos e descobriu então que o clarão vinha de cima, por uma brecha larga que chegava ao topo do morro; percebeu que tanto o vento como o som provinha, não só dessa abertura, mas ainda, do túnel que continuava, agora estreito, “calçado” de pedras preciosas e reluzente de luzes que vinham de seu interior. Não arriscou em prosseguir, pegou sua flauta e pôs-se a tocar; a acústica maravilhosa fez o som ecoar por todas as brechas do morro, até a aldeia distante ouviu a música do menino. Voltou à praia onde seus amigos já não mais estavam. Andando pela costeira voltou a aldeia, onde seu pai, o índio Koakira7, o esperava com um cipó de timbopeva nas mãos..., mas não contou a ninguém a sua descoberta.
Ao amanhecer de certo dia, Jagoanharo viu pela primeira vez o tal Boitatá, a “serpente” de fogo que do alto do Curuçá saiu voando, sumindo no horizonte. Intrigado com tal visão lembrou-se das pequenas chamas que avistara no interior da caverna: -talvez sejam aquelas pequenas luzes, que juntas, esvoaçaram pela abertura no alto do morro? Pensou o pequeno curumim.









Aproveitou que a aldeia ainda dormia e da pequena canoa que descansava no lagamá da praia, em sua curiosidade e coragem, remou até a prainha e mais uma vez adentrou a gruta. Daquele ponto onde avistava cintilações de chamas, agora ajoelhado, seguiu o trajeto estreito do túnel, guiado pelo “calçamento” de pequenas e belíssimas pedras brilhantes e chegou a um lugar mais confortável a qual pode fica de pé e então descobriu uma carcaça, esqueleto gigante de um animal que nunca tinha visto e que nunca pensava existir (provavelmente um Gliptodonte8). Mesmo amedrontado, continuou seguindo o túnel de pedras brilhantes e, a menos de cem passadas sentiu uma corrente de ar mais fresco, o que fez continuar e tão logo se deparar com a “saída” do túnel, uma caverna mais ampla, que despojava a sua frente um exuberante manguezal, povoado e repleto de Uçás9. Percebeu então que o túnel atravessava todo o morro do Curuçá, pois dali conseguiu avistar o majestoso Votuporanga10 (hoje chamado de Pico do Corcovado).
Diante de intensa mata e imenso manguezal, decidiu voltar; encheu o ajó11 da flauta com pedras preciosas e iniciou a volta.....







Da aldeia à beira da praia de Yperoig, notório e mais intenso, viu e ouviu-se a fúria do Boitatá; a “serpente” de fogo, que nunca antes, desta vez chegou a incendiar o topo do Curuçá e, do curumim Jagoanharo, nunca mais se teve notícias, só se ouvia o som de sua flauta.
Talvez, por ser “de cascalho”, o estrondo abalou as estruturas do morro e ocorreu um deslizamento interno, prendendo o menino lá dentro.
Bem mais tarde, com a chegada dos portugueses e com a presença dos jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega na aldeia de Yperoig, os catequistas também observaram o Boitatá e, constantemente o som de uma flauta que vinha do Curuçá; sabendo do fato ocorrido com o pequeno índio e, aproveitando o momento festivo da “Paz de Iperoig”, cravaram no alto do morro do Curuçá, uma CRUZ feito de Ubatã12, que teve duas finalidades: firmar o catolicismo na terra tupinambá e para acalmada a “alma da onça”. A flauta silenciou.
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Até então, pela característica geológica do local, Curuçá significava lugar de abundante cascalho, seixo; após o som da flauta e do cruzeiro, Curuçá aderiu também o significado de: “lugar de muita música” e “Cruz Grande”. Ybyty Curuçá = Morro de cascado, da música, da cruz; hoje, Morro do Curuçá com a Gruta do Curuçá.

FONTE : JULIO CESAR MENDES
via facebook

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