Ubatuba, 10/3/25
A imagem nos revela o canal que margeia entre a rua Liberdade e a área do aeroporto; afloraram ali belas goiabeiras. Afloraram não por acaso! Vou contar como foi.
Um dia, há muito tempo, meu saudoso pai Isaias Mendes, alfaiate de profissão, apareceu em casa com um tacho de cobre, dizendo que era para fazer doces: de banana, de abóbora, de coco, de goiaba. Muito bem! Fevereiro, março é a época das goiabas. Final de semana fazíamos um passeio até a Picinguaba indo no sítio do amigo Jonas pescador, onde tinha um goiabal bastante farto, dali então vinhamos com duas, três sacolas cheias de goiabas maduras para fazermos doce.
Em casa, lavávamos as goiabas, separávamos a casca carnuda e, da polpa com caroços passávamos numa peneira para retirar as sementes. Tachão sobre o fogo aceso, passávamos horas e horas colocando lenha e mexendo o fundo do tacho para não grudar e queimar o doce; papai até mandou um marceneiro fazer uma pá, feito remo, para remexer o doce e ficar numa distância afastado do calor do fogo. Ali ficávamos em conversas e, em suas lembranças falava que quando garoto ajudava sua mãe a fazer e vender os doces produzidos por ela... – Julinho, já tá no ponto, veja bem que o doce já não mais está grudando do fundo do tacho! Falava papai com toda sua experiência de doceiro, me ensinando o ponto certo do doce pronto. Tachadas e mais tachadas de goiabadas que além do nosso consumo, presenteávamos vizinhos, parentes e amigos. E era assim, anos e anos, quando não goiabada, eram bananadas, aboboradas e cocadas.
Da vivência, aprendizado e muito mais consciência herdada de sua mãe, papai me passou ainda, que das sementes peneiradas, ele as colocavam estendidas em jornais para secarem, depois recolhia e guardavam-nas para serem “jogadas” em beira de estradas, praças, jardins e campos. Fazia uma importante semeadura e, não tardava, vinha o resultado. – Julinho, alí no canal da Liberdade já estão surgindo uns pezinhos de goiaba. Vinha ele me falando todo satisfeito e recompensado com seu ato de semeadura das sementes de goiabas. E chegou o dia de saborear. Acho que foi em fevereiro de 2019, quando voltando da praia, juntamente com ele avistei umas goiabas maduras, entrei no canal e peguei-as, entregando pra ele. E foi assim e assim vem sendo, todos os anos as goiabeiras do canal da liberdade nos presenteiam com flores e frutos, alegrando e alimentando também passarinhos diversos. Papai agora cuida das goiabeiras olhando através de uma janelinha lá no céu.
Sigam esse exemplo, em vez de jogarem fora as sementes das frutas, recolham e joguem-as, pelos campos, estradas, praças e jardins, de nossa cidade; um dia elas serão árvores, flores e frutos, e os pássarinhos também irão te agradecer.
Consciência meus amigos!
Texto e imagens de Julinho Mendes
via facebook
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