sábado, 17 de agosto de 2024

NÃO ESQUEÇAMOS . . .

 


Certo dia, o patrono do Museu Caiçara, Luiz Ernesto Kawall, bateu em minha casa trazendo um cartão nas mãos dizendo que queria conversar sobre uma ideia que teve, de um projeto. O tal cartão era uma imagem fotográfica emprestada do arquivista fotográfico Edson Silva, que tinha a imagem de um pescador caiçara segurando seu remo. A imagem era do caiçara José Vieira Mendes, o popular “Zé Capão”.

Luiz me falou do projeto: “Fazer um monumento gigante em homenagem ao Caiçara”; no momento duvidei, mas não achei impossível. Saímos de casa e fomos expor a ideia ao amigo João Teixeira Leite, nós três representantes do Museu Caiçara, que no ato fomos conversar com o Ney Martins, assessor cultural da Fundart, esse, por sua vez, levou-nos à presença da presidente da Fundação, a srª Sílvia Issa, que nos levou ao prefeito Paulo Ramos para conversarmos sobre o projeto. Depois, com a aprovação do Prefeito Paulo, formamos ali uma comissão e levamos o projeto para apreciação e aprovação do gestor do DNER, aqui na nossa região, o sr. Barouch, que em pouquíssimo tempo deu como aprovado a nossa intenção. Em pouco tempo também a prefeitura, através da Fundart contatou e contratou escultor para o início da obra do monumento. O escultor foi o mesmo que construiu o monumento do Bandeirante no trevo de entrada de Taubaté, o sr. Demétrio e seu ajudante, a qual, peço desculpas, não me lembro o nome. Antes do início, até para nossa apreciação de como ficaria a obra, Demétrio nos trouxe, para apreciação e ofertou ao prefeito uma maquete em miniatura da estátua. Magnifico! Sabíamos que, como sempre, a coisa seria questionada e ou polemizada de alguma forma por parte de populares, principalmente sobre a posição que deveria ficar a estátua, até mesmo entre nós da comissão tivemos esse questionamento de como posicioná-la: deixar a estátua de frente para a praia de Iperoig? Falariam que o caiçara estava dando as costa para o turista. Se colocasse a estátua de frente para quem vem de Taubaté, falariam que o caiçara estava dando as costas para seu mar e seu povo que vive do mar... Resolvemos deixar o monumento de frente pro mar da Praia Grande e Itaguá; dando o lado direito pro turista que vem de Taubaté, o lado esquerdo pro mar das praias do lado norte, e as costas ficou pro lado do morro da Ressaca. Resolvido a questão, mas mesmo assim teve língua a criticar e retrucamos explicando ainda que o Trevo é redondo, circular e daria para apreciar o monumento de todos os lados. Um fato que poucos sabem é sobre o Remo. Eu estava diariamente de olho na obra, mas justamente na feitura do remo monumental eu viajei e fique fora da Ubatuba durante uma semana, até por precaução de se fazer o remo no formato como é o nosso remo de canoa, deixei com o artista um dos meus remos, mas quando voltei o tal remo do caiçarão estava parecendo uma “colher de pau”: reto, sem ponta e sem quilha. Questionei sobre isso e sobre o paradeiro do remo que eu tinha deixado como amostra. O remo foi roubado e nunca mais vi. Com os andaimes ainda no local deu para remediar aquela “colher de pau” e melhorar a aparência do remo conforme se vê hoje, e a obra foi inaugurada no dia 28 de outubro de 2003, com a presença de muita gente e dos personagens da imagem acima, a qual eu cito, da esquerda pra direita: João Teixeira Leite, Barouch, Ney Martins, Moralino (vice-prefeito), Luiz Ernesto Kawall, Paulo Ramos (prefeito), sentado o centenário Mané Hilario, sua irmã Catarina ao lado, e nos fundos eu e Mané Hilário filho. Um momento histórico e de conquista para o povo Caiçara, com placa dizendo: HOMENAGEM AO CAIÇARA - Incentivo Museu Caiçara.

Realmente a ideia e o incentivo partiu do Museu Caiçara que muito fez pela cultura caiçara. A ideia foi concretizada pelos esforços de Ney Martins, Sílvia Issa e pela sensibilidade de Paulo Ramos. Está lá o Caiçarão “Zé Capão”, hoje a completar seus dezenove anos, expandindo-se em pinturas plásticas, em miniesculturas, em troféus, motivos fotográficos, enfim, passou a ser um dos símbolos da cidade e do povo caiçara. Merece uma festa!



Texto de Julinho Mendes   de 19 de Setembro de  2022

FONTE :  https://ubaweb.com/revista/g_mascara.php?grc=71155

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