Coaquira e a Paz de Iperoig - Julinho Mendes – Ubatuba, 14/set/2020
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-Vovô falava: -Não dêem confiança a essa gente! E tinha razão, depois de setenta anos foi que foram dar por conta de suas palavras. Já era tarde! Aqueles homens brancos com suas armas de fogo já tinham dominado todo nosso povo. Já tinham nos maltratados, escravizados, massacrados e nos assassinados.
-Vovô Kayapika morreu de desgosto ao saber que a jovem Metakawara, filha de Tibiriçá ia se casar com um tal de João Ramalho, braço direito de Brás Cubas, governador da Capitania de São Vicente; surgindo assim uma aliança entre brancos portugueses e índios guaianazes contra outras nações indígenas. Vejam só que absurdo!
-O que fazer? O que fazer, naquelas alturas, era ter que acreditar em outra espécie de gente branca. Então, nós Tamoios, nos reunimos. Estava Eu, Pindobuçú, Aimbiré, Araraí e Cunhambebe; diante da situação, nossa saída foi se ajuntar com os franceses. -Tudo virou bosta! Contraímos muitas doenças, o que dizimou milhares de nossa gente, até Cunhambebe foi pro beleléu; morreu com um tal de sarampo.
A guerra foi intensa, e por intervenção de Anchieta e Manoel da Nóbrega foi que no dia 14 de setembro selaram um acordo de paz. A“Paz” de Iperoig.
-Fomos bobos mais uma vez! -Se aquele acordo de Paz fosse sincero ainda estaríamos aqui, surfando e comendo camarão frito nas ocas às beiras praias.
A história vem se repetindo, a aniquilação do quilombola, do caiçara é progressiva tal qual a dos tupinambá. Aquele canoão que adentrou a Ponta Grossa do Farol, agora vem pelas rodovias, pelo céu e pelo mar. Os tarados, por poder, por ganância, estão engravidando nossa cidade e gerando monumentos que degradam e emporcalham nossos rios, nossos mares, nossas praias, destroem vidas marinhas, flora e fauna. Estão aí fazendo cagadas atrás de cagadas e no cúmulo da irresponsabilidade e estupidez, deixando a seus filhos e netos um grande balde de merda.
Hoje, 14 de setembro, dia ideal para que reflitamos, sobre a “PAZ” que nos envolve.
TEXTO DE JULINHO MENDES
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